Vítor Pereira não embandeira em arco com as recentes exibições e 
resultados do FC Porto, mas assume que a equipa está a viver um bom 
momento. Para o técnico, a visita a Braga (domingo, 20h15) encerra um 
jogo "extremamente difícil", o que não altera em nada o foco dos 
Dragões: os bicampeões nacionais vão à Pedreira "com o objectivo claro 
de vencer a partida". Sem esperar pela sorte.
O FC Porto tem este domingo um jogo muito difícil, enquanto o Benfica
 joga em casa perante o Olhanense. Sente que o rival tem o trabalho mais
 facilitado?
Só nos preocupamos com o nosso jogo. O nosso objectivo é claro e passa 
por ganhar em Braga para nos mantermos na frente do campeonato. 
Independentemente das expectativas dos outros clubes, queremos chegar a 
Braga e ser fiéis à nossa identidade e ao nosso estilo de jogo e vamos 
procurar trazer os três pontos.
Que SC Braga espera encontrar?
Espero um SC Braga de qualidade. Se isto fosse há duas ou três semanas, 
quem visse os programas desportivos ou lesse os jornais ouvia e via 
constantes elogios a uma equipa que praticava bom futebol e um futebol 
positivo. As equipas de Peseiro são assim, gostam de ter a bola e ter a 
iniciativa. Não acredito num SC Braga diferente para este jogo. Espero 
um SC Braga de qualidade, num campo que é extremamente difícil, não só 
para nós, mas para qualquer adversário. Esperamos um jogo complicado, 
mas acreditamos no nosso jogo e na nossa qualidade e vamos ao AXA com o 
objectivo claro de vencer a partida.
Considera o SC Braga um efectivo candidato ao título?
Sinceramente, pelo que tem feito nos últimos anos e pelo que tem provado, com resultados, considero que sim.
Acha que o adversário se vai apresentar mais frágil na sequência da eliminação europeia?
Não. Conto com um SC Braga de orgulho ferido, um SC Braga de qualidade, 
como já disse, que vai querer ter a bola, porque é característico das 
equipas de José Peseiro querer ter a iniciativa. Espero um jogo com 
qualidade entre duas equipas de grande qualidade, colectiva e 
individual.
Mesmo com a vitória garantida (3-0) frente ao Dínamo Zagreb, o FC 
Porto continuou a pressionar, a atacar e a roubar a bola ao adversário. É
 essa a sua imagem de marca? É este o FC Porto que Vítor Pereira quer?
Nós trabalhamos para evoluir enquanto equipa e temo-lo feito. Gostamos 
de pressionar, de ter a bola e quando a perdemos queremos recuperá-la 
rápido, mas para isso é preciso ter concentração, ter um bom jogo 
posicional e ter agressividade. Quanto mais depressa recuperarmos a bola
 mais tempo teremos para realizar o nosso jogo, para ter iniciativa, 
para controlar a partida e ir à procura de golos. Gostamos de um jogo de
 posse, de pressão, somos uma equipa que gosta de fazer golos e gosta de
 ter o jogo equilibrado, sem permitir que o adversário nos crie 
oportunidades. Ao fim e ao cabo, queremos um jogo virado para a frente, 
em que a parte ofensiva nos agrada. Gostamos de um jogo criativo e com 
qualidade e não gostamos de jogos partidos ou fora de controlo. 
Pessoalmente, gosto de jogos controlados e não se consegue fazê-lo com 
muitas transições ou sem ter a bola em nossa posse.
Alex Sandro e Fernando vão ser titulares no domingo?
Essa é uma questão a que nunca respondo. Nunca, numa conferência de 
imprensa, respondi a esse tipo de perguntas e não é hoje que o vou 
fazer. Os treinadores estão cá para tomar decisões e fazer escolhas, no 
sentido do que é melhor para a equipa e em função do jogo que se está a 
preparar. Vivemos com um espírito competitivo saudável, em que todos os 
jogadores querem jogar. Quando não jogam, ficam tristes, mas reagem pela
 positiva e trabalham ainda mais para jogar. É essa a equipa que tenho à
 minha disposição este ano, o que me dá uma grande satisfação.
O FC Porto tem recebido muitos elogios. Considera que são unânimes?
Não acredito... Acredito muito mais no que vem de dentro, no que se 
sente, do que aquilo que vem de fora. Atravessei uma época de muita 
crítica, em que, se a força interior não fosse grande, se o que vem de 
dentro não fosse forte, teria de certeza desistido a meio. O verdadeiro 
elogio é sentirmos que estamos no caminho certo: solidários, humildes, 
com grande qualidade individual e colectiva; mas sabemos que qualquer 
adversário nos pode causar problemas se não mantivermos isto bem 
presente. Quando o elogio sai muitas vezes, de muita gente que tanto 
criticou sem conhecer, é de desconfiar. Por natureza, sou uma pessoa que
 acredita nos outros, mas também desconfio de muito elogio que tenho 
lido e ouvido por aí.
O melhor elogio ao FC Porto desta temporada é não falar de Hulk?
O melhor elogio é vermos a equipa bem e chegar ao final de cada jogo e 
ver os jogadores satisfeitos com o que fizeram. É claro que há jogos 
mais inspirados que outros, às vezes toca a um ter uma noite de 
inspiração e no jogo seguinte é outro jogador que se destaca, mas 
colectivamente a equipa está ligada, unida, sabe o que quer, e sinto 
claramente que tem os pés bem assentes na terra, quer nas competições 
europeias quer no campeonato. Este vai ser um campeonato muito difícil; 
domingo temos já um jogo muito difícil e temos de estar conscientes das 
dificuldades deste jogo e desta liga e da dificuldade que é jogar uma 
Champions. É essa equipa ligada à terra e ligada entre si que quero. 
Esse é o verdadeiro elogio.
Jorge Jesus disse esta sexta-feira que o FC Porto "tem sempre sorte em Braga". Quer comentar?
A sorte dá muito trabalho. Muito trabalho mesmo. É claro que temos de 
procurar a sorte, mas sem trabalho ela não surge de certeza absoluta. Se
 o FC Porto tem ganho em Braga é por causa do trabalho, é porque tem 
sido melhor, tem tido qualidade e um nível competitivo muito alto, como é
 característico deste clube. Isso não quer dizer que a sorte não surja, 
em determinados momentos, mas dá muito trabalho.
O campeonato vai decidir-se nestes jogos grandes?
O campeonato decide-se em qualquer esquina, em qualquer momento, contra 
qualquer adversário. Se os níveis de focalização no jogo não forem os 
correctos, em qualquer esquina se pode ter uma surpresa desagradável. 
Este é um jogo grande. O plano táctico e estratégico e a inspiração 
individual podem vir a fazer a diferença e espero que no AXA estejamos 
inspirados nesses aspectos, para proporcionar um grande jogo e trazer a 
vitória, que é o que nos interessa.